25 janeiro 2013

jardim



Sei de um jardim
Silencioso, terno, imenso
Onde os passos se perdem numa íntima melodia
E o corpo cede espaço à Essência
Sentindo-a vibrar a cada nota
Libertando as máscaras e os freios
Sendo una numa dança,
Em acordes de aurora,
Em linhas douradas que escrevem
Esse som inaudível das pétalas
Que vertem do coração ligeiras como sorrisos,
E árduas como lágrimas do ego sucumbido,
Nos vertiginosos instantes
Em que rodopia.

E todos os medos se dissolvem
Ébrios, leves, diáfanos
Como chuva que se funde
Em gotas perfumadas e radiosas,
E neste lugar finda o desejo de fugir,
E como numa valsa dócil,
Que ondula, e sacode suave e rítmica,
A voz da mente deseja pousar o seu poder,
Na calma e harmónica energia
De estar em si.

É que aqui, é aqui
É aqui que as causas se dissipam,
É aqui que as tormentas e os prazeres,
Os apegos e as paixões,
As ilusões e as desilusões,
E as histórias sem propósito se recolhem.

E é nesta intensidade simples e límpida
Neste instante, agora,
Que se contemplam as doces sementes da compaixão,
E se toca o ameno âmago da consciência,
Que revela o fragrante e humilde botão do Ser,
E a vontade pura de ficar,
De saber que está no seu lugar.
É neste jardim…


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