23 março 2012

uma ode à Primavera

 Primavera águas mil,
em vez de andar dançava os passos que tomo da rua,
escorrega de mim o movimento,
quando deixo o corpo ser a música,
acto que verte a graça e a doçura,
gotas, pétalas, luz dourada em golfadas,
torrente que tomo,
rio em que fluo e deixo fluir.

e estas couraças singelas
quebram-se ao murmúrio,
vento benfazejo,
ar de palavra, no fogo do amor forjada
cinzas, húmus, semente sadia,
broto viçoso, promessa
do agora revelada.

tranquilo o mito,
dissolve-se na taça que se esvazia,
louvor ao Tempo,
de ter e ser fé de criança.
olhos mergulhados na inocência
de um toque, de um gesto,
de uma flor que se colhe,
e recolhe,
no mundo de histórias,
de contos,
de uma mais
Primavera.

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