Quando falas é inevitável sentir a dor do teu coração. Calor e frio. Proximidade e distância, em luta constante. O que mostras e o que escondes.
Quando te oiço, sinto essa tua voz de criança que perdeu o caminho de volta para casa, que se perdeu na floresta e que procura agora uma pista, uma luz, uma esperança.
Somos todos corações de pássaros. Pequenos, frágeis, leves. Fáceis de magoar, fáceis de partir. Fáceis também de regenerar quando assumimos a coragem de voltar a voar.
Coração frágil, partido e abandonado, encontra coração frágil, partido e abandonado... Corpos de dor que se cruzam, para que no reconhecimento possam produzir a cura do amor. Contudo, às vezes a dor vence, ou o medo, ou a vertigem do desconhecido; e o amor que podia ser amor, passa a pena de pássaro que se solta, que voa e liberta-se, para deixar espaço a outro amor(?).
Quando olhas, sinto a beleza de quem vê o mundo todos os dias pela primeira vez; e depois pestaneja para se lembrar da dor de viver, e se esquece desse olhar doce e ingénuo que permite acreditar na magia da Vida; na magia do viver.
Somos todos corações de pássaros. Britas plumadas. Pedras aladas, asas que insistem em bater para longe da sua própria solidão.
Quando sentes, quando te permites sentir, fechas logo a seguir essa tua dimensão do amor. O amor que não é amor, dói. O amor que é amor desperta. E é tão fácil confundir os dois.
Somos todos corações de pássaros azuis, nascidos do meigo véu da Vida, prontos para acreditar no fulgor do Amor.
04 fevereiro 2015
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