Temos o privilégio de estarmos embarcados nesta nave chamada
Terra. No meio do caos e da adversidade a coragem de enfrentarmos o mundo, mas
sobretudo de nos enfrentarmos a nós mesmos deve prevalecer. É nos confins do
nosso interior que reside o móbil e o segredo para a revelação do nosso
potencial criativo. Pertencemos a uma pequena percentagem da humanidade que
vive na graça de ter água, luz, gás, estradas, o que comer, e uma estrutura social
aceitável. Somos responsáveis pela história que o nosso dia escreve todos os
dias, e podemos – felizmente! – escolher a forma como vamos enfrentar cada
desafio, incompreensão ou crise aparente. Porque o problema manifesta-se na
vida como produto dos anseios internos; a crise nasce da escolha de darmos
forma e peso à parte de nós que menos interessa. Contudo se é uma escolha, se
depende de nós, porque continuamos a escolher esta via mais densa?
Hoje está presente a hipótese de escolhermos. Podemos agora,
nesta encruzilhada, optar pela loucura, pelo atrevimento de sermos ousados, e
efectivamente optarmos por sermos felizes. Começa no primeiro sorriso que damos
pela manhã – provavelmente a nós próprios – e passa pela boa disposição com que
resolvemos acolher cada desafio, encontrando e enfatizando o recanto da alma de
onde brota o alento e a coragem para aceitar e promover tudo o que é belo, e porém
efémero na nossa vida. Da capacidade de ouvirmos um ‘não’, da firmeza na receção
de uma crítica, nasce a aceitação de sermos livres para sermos quem somos, e a
permissão de sermos a inspiração para aqueles que nos rodeiam.
A coragem = coração em ação, é mais doce e paciente, do que
afoita e temerária. Mobiliza-nos a vivermos realmente a vida, de forma inocente
e espontânea, fiel à demanda do nosso interior.
Propõe-se-nos tempos de evolução e mudança, em que nos cabe
aceitar as dores de crescimento como afortunados sintomas do processo.
Mandala de Cheryl Irwin